Seguir com Verdade: O Papel da Vulnerabilidade na Construção do Propósito (Passo 6)

Neste terceiro artigo da série, abordamos um componente essencial, frequentemente subestimado no processo de construção do propósito: a vulnerabilidade. Após reconhecer seus desejos, testar possibilidades e enfrentar barreiras internas e externas, chega o momento de olhar com mais profundidade para o que sustenta sua autenticidade. A vulnerabilidade, muitas vezes confundida com fraqueza, é na verdade uma força silenciosa que permite conexão real consigo mesmo e com os outros. Neste texto, refletimos sobre como a disposição de acolher incertezas, admitir limitações e escutar emoções com honestidade pode se tornar um ponto de virada. Ser vulnerável é também um gesto de responsabilidade consigo — um passo essencial para viver com mais coerência, significado e verdade.

Carla Rgeina Nascimento de Paula

4/3/20253 min read

A Coragem de Ser Autêntico: O Papel da Vulnerabilidade na Construção do Propósito

Este é o terceiro artigo da série que apresenta, passo a passo, como construir um propósito de vida mais consciente e verdadeiro. Já falamos sobre o querer genuíno, a experimentação, a sustentação daquilo que faz sentido, as barreiras que surgem e a importância da resiliência para seguir. Agora, seguimos com mais um passo essencial — muitas vezes ignorado, mas absolutamente transformador: abraçar a vulnerabilidade.

Por que falar de vulnerabilidade?

Porque ninguém constrói um propósito verdadeiro tentando parecer invulnerável.

Vivemos em uma cultura que valoriza a força, o controle e a imagem de sucesso. Mostrar dúvidas, medos ou fragilidades pode parecer um risco. Mas o risco real está em ignorar essas dimensões humanas e profundas. Ao tentar parecer imune, muitas vezes nos afastamos de nós mesmos e das pessoas.

Ser vulnerável não é fraqueza. É coragem emocional. É a disposição de estar presente consigo mesmo, mesmo quando há medo.

A vulnerabilidade é o terreno onde a autenticidade cria raízes. Ela é o ponto de partida para conexões reais, com o outro e com a própria vida.

A vulnerabilidade nos conecta

Mostrar-se como se é — com medo, com dúvidas, com incertezas — cria pontes. Pontes com os outros, que se reconhecem na sua humanidade. E pontes com você mesmo, pois finalmente há espaço para escutar sua própria verdade.

Essa autenticidade interna nos aproxima de um propósito mais real. Afinal, como identificar o que realmente faz sentido se não conseguimos olhar com honestidade para o que sentimos? Como escolher um caminho com significado se não nos autorizamos a reconhecer nossas emoções, nossos desejos e nossas incertezas?

A vulnerabilidade é o contrapeso da performance. Onde ela entra, sai a exigência de perfeição. E com isso, entra o que é verdadeiramente humano.

Como explorar essa dimensão na prática?

Uma ferramenta ótima para refletir sobre a vulnerabilidade é a matriz SWOT, tradicionalmente usada em contextos organizacionais, mas aqui adaptada para o autoconhecimento:

  • Strengths (Forças): O que em você favorece a abertura emocional? Empatia? Escuta ativa? Coragem de se expor?

  • Weaknesses (Fraquezas): Quais barreiras internas dificultam esse processo? Medo do julgamento? Perfeccionismo? Insegurança?

  • Opportunities (Oportunidades): Em que contextos você se sente mais à vontade para ser quem é? Relações de confiança? Espaços terapêuticos? Grupos acolhedores?

  • Threats (Ameaças): Quais ambientes ou relações tornam mais difícil ser autêntico? Críticas frequentes? Pressão social? Expectativas de perfeição?

Ao preencher essa matriz com calma e sinceridade, você se apropria da sua vulnerabilidade como uma dimensão rica e transformadora, e não como algo que precisa ser "resolvido" ou escondido.

Pequenas práticas que abrem espaço para a autenticidade

Abraçar a vulnerabilidade não exige grandes gestos, mas pequenos movimentos cotidianos. Aqui estão algumas sugestões:

  • Permita-se sentir: Não julgue suas emoções. Em vez de pensar "não deveria estar assim", diga: "é compreensível que eu me sinta assim".

  • Compartilhe sua história com pessoas de confiança: Falar sobre suas dúvidas ou dificuldades não te enfraquece. Isso te humaniza.

  • Pratique a autorrevelação consciente: Dizer "não sei", "estou confuso(a)", ou "preciso de ajuda" é um gesto de força.

  • Escolha espaços seguros: Não é com qualquer pessoa que devemos compartilhar tudo. Como diz Brené Brown: nem todo mundo merece ouvir a sua história.

Esses pequenos atos constroem a base de uma relação mais verdadeira consigo e com o mundo.

Um convite à coragem gentil

Abraçar a vulnerabilidade é um gesto de coragem gentil. Não exige exposição extrema, nem confissões públicas. Exige apenas presença consigo mesmo e disposição para olhar para dentro com honestidade.

O propósito não nasce da perfeição. Ele nasce do encontro com a verdade.

Nos próximos artigos, vamos seguir aprofundando esse caminho. Estamos quase no fim da série, mas ainda há muito a ser descoberto — e revelado.