Entre Passos – O que te recarrega?

Em meio à construção de uma rotina mais leve, é fácil esquecer de algo fundamental: escutar o próprio corpo e reconhecer o que, de fato, nos dá energia. Entre uma meta e outra, entre o “fazer” e o “cumprir”, há um espaço sutil — mas essencial — onde mora a possibilidade de nos reconectarmos com aquilo que nos sustenta. Neste texto da série Entre Passos, o convite é simples e profundo: parar por um instante e observar. O que te recarrega? Que atividades ou momentos trazem renovação real? Você se sente mais vivo no silêncio ou no encontro? A reflexão também toca em um ponto sensível: muitas vezes, tentamos viver no ritmo do outro, ignorando nossos próprios sinais. Ao entender as diferenças entre introversão e extroversão — e, mais ainda, ao reconhecer o que faz sentido para si — é possível construir uma vida com mais presença e autenticidade. Entre pausas conscientes e pequenos gestos de cuidado, este texto propõe uma escuta mais gentil, mais afinada com as suas necessidades reais. Porque respeitar o próprio ritmo não é um luxo: é uma forma de existir com verdade.

Carla Regina Nascimento de Paula

4/19/20253 min read

Entre Passos – O que te recarrega?

Entre um passo e outro, é fundamental fazer pausas que nos ajudem a refletir e nos escutar. Muitas vezes, a correria diária nos empurra para uma sequência interminável de tarefas, sem espaço para perceber como realmente estamos. A pausa não é apenas descanso: é um momento intencional de conexão consigo mesmo.

E pausar não significa, necessariamente, parar tudo. Às vezes, bastam alguns minutos de respiração consciente, um chá tomado sem pressa, ou um olhar lançado pela janela. Pequenos gestos como esses já nos reconectam ao momento presente — e a nós mesmos.

Se os primeiros passos da nossa série falavam sobre escutar o momento de vida e reconhecer nossos ritmos, esta pausa é um convite a aprofundar essa escuta — especialmente no que diz respeito à nossa energia. Aprender a diferenciar cansaço físico, mental e emocional traz clareza sobre onde precisamos de acolhimento.

Muitas pessoas carregam a crença de que precisam estar sempre produtivas para se sentirem valorizadas. Mas o verdadeiro equilíbrio surge quando reconhecemos e respeitamos a necessidade intrínseca de pausa. Sem esses momentos de renovação, o risco de esgotamento cresce — e os desafios do cotidiano tornam-se mais pesados.

Afinal, o que recarrega suas baterias? 

Refletir sobre isso pode ser transformador.

Quando foi a última vez em que você se sentiu profundamente renovado?
Quais atividades te devolvem energia — e quais a consomem, mesmo de forma sutil?

Para alguns, é o silêncio. Para outros, a conversa. Há quem encontre paz na natureza, na leitura, em um tempo sozinho. E há quem se revigore na presença de amigos, em encontros, nas trocas afetuosas.

Não há certo ou errado — há o que funciona para você, neste momento.

Costumamos chamar de introvertidos os que se recarregam no recolhimento, e de extrovertidos os que se recarregam na troca. Mas aqui vale um lembrete importante: introversão não é timidez, e extroversão não é sinônimo de exposição constante. São formas distintas de se reconectar — e podem mudar ao longo da vida, ou conforme o contexto.

Nossa cultura, muitas vezes, valoriza excessivamente a extroversão. Isso pode fazer com que os que se beneficiam do recolhimento sintam-se deslocados — ou o contrário. É essencial reconhecer e defender suas próprias necessidades, ainda que elas não correspondam às expectativas externas.

O problema começa quando tentamos funcionar no "modo" do outro. A exaustão não vem só da rotina em si, mas da desconexão com o que, de fato, nos nutre. Respeitar suas necessidades energéticas é um gesto profundo de autocuidado — e também um caminho para relações mais honestas e sustentáveis.

Então, que tal observar, nos próximos dias:

  • Quais momentos realmente te energizam?

  • Quais situações drenam sua disposição, ainda que pareçam “normais” ou esperadas de você?

  • O que seu corpo tem tentado dizer — e você tem ignorado?

Tensão, fadiga, irritação sem motivo aparente são, muitas vezes, sinais de que algo está pedindo atenção.

Se puder, experimente anotar suas percepções ao longo do dia. Observe os padrões, sem julgamento. Talvez descubra que determinadas tarefas, pessoas ou ambientes te deixam mais leve — ou, ao contrário, mais sobrecarregada.

Essa escuta — simples, mas honesta — já transforma.

Se estiver difícil identificar o que te faz bem, volte no tempo. Lembre-se de períodos em que você se sentia mais disposta, mais conectada. Quais hábitos ou vivências daquela época podem ser resgatados, ainda que em nova forma?

Lembre-se: respeitar seus limites e buscar suas fontes genuínas de energia não é egoísmo. É cuidado. É compromisso com a vida que pulsa em você. Quando se cuida com intenção, torna-se mais disponível para o mundo — sem se abandonar.

Seu bem-estar é o ponto de partida de uma vida mais autêntica, mais leve, mais sua.